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    Capítulo 2: Camael

    Hagatsune
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    Mensagem  Hagatsune

    #original

    Os guardas não atacavam e não recuavam, porém esperavam qualquer brecha que o vampiro pudesse dar. Enquanto isso, ele tentava pensar numa boa estratégia para sair dali quando ele viu uma pequena saída de ar. Era óbvio, afinal aquele lugar não tinha janelas, tinha que ter um meio de entrar ar ou os humanos não resistiriam ali. Olhou para os guardas sorrindo de leve, arrumando a garota nos braços.

    -Ok. –Disse de antemão jogando a garota para cima deles; ganhando tempo suficiente para se transformar em névoa e sair pelo duto de ar.
    -Grupo Beta e Ômega fiquem em alerta! Ele fugiu pelos dutos de ar! -Informava o líder daqueles soldados pelo rádio para os outros grupos que faziam guarda e ronda dentro e fora do edifício. –Não podemos deixar ele sair!
    Os dutos eram mais confusos do que aqueles corredores imensos de onde estava. Já tinha perdido as contas de quantas vezes virou e seguiu reto, nem sabia se estava indo em círculos ou se estava na direção certa. Por vezes viu algumas salas, talvez ao lado da que ficou trancado, ou não, porém as luzes do alarme iluminavam. Continuou o caminho até que finalmente chegou numa subida e quando chegou ao final desta, viu pelas frestas uma sombra de alguém parado na frente da saída e mais a frente um corredor.
    Começou a sair de leve por entre as frestas como se fosse poeira, já que sua coloração era negra. Conforme saía, grudava na parede como uma sombra, adentrando dentro da sombra do guarda para se esconder de algum outro que passasse por ali e assim que se juntou completamente na sombra, olhou para ele com seus olhos vermelhos. Um guarda surgiu ao virar de um corredor paralelo e viu um par de olhos vermelhos saindo da sombra do guarda, sua arma em mãos começou a tremer e olhou apavorado para o guarda que estava na frente da saída do duto. O guarda começou a olhar para o outro sem entender o que ele tinha, sentindo a espinha gelar e um receio grande tomar conta de seu ser.

    -O-o-olha a-a-atrás de v-você! –Gaguejava mais do que tremia, apontando para atrás do outro.

    Assim que o guarda ameaçou virar, o vampiro o pegou grudando-o contra a parede e saindo um pouco para mordê-lo no pescoço. O guarda gritava apavorado enquanto tentava se soltar. O vampiro olhava para o outro guarda que via tudo aquilo, analisando seus movimentos, mas se aproveitando do pavor deste. Conseguindo terminar de se alimentar, soltou o guarda, que caiu no chão completamente inerte e voltou para a sombra. O guarda que via pareceu sair do transe e começou a disparar contra a parede em que o vampiro estava, porém tudo o que ele via era seu vulto se esquivando dos tiros. Era uma sombra completamente assustadora, diferente do vampiro normal, sua sombra tinha o rosto mais alongado, dentes serrilhados, e asas nas costas. Depois de tanto tentar atirar no vampiro, caiu de bunda no chão enquanto via ele escapar e suspirava aliviado, porém triste olhando para o amigo inerte.
    O vampiro voada pelas paredes, passando desapercebido pelos guardas e se aproveitando das sombras para ficar invisível. Agora sabia andar por aquele prédio, depois de pegar as memórias daquele soldado; fora de grande utilidade. Finalmente poderia sair dali sem mais nenhum empecilho, porém ao chegar finalmente na saída daquele lugar, parou antes de encostar no sol, a um centímetro da linha que separava a sombra da luz divina. Ficou um tempo mínimo olhando para lá fora, sem reconhecer onde estava e se lembrando de quando chegou. Definitivamente não era o mesmo lugar... pisou firme algumas vezes no chão; aquilo não era terra... e aquelas casas espichadas para cima? Voltou rapidamente para dentro, parando atrás da porta de vidro e chamando a atenção de algumas pessoas que transitavam por ali por conta de suas ações estranhas e por estar sem qualquer roupa. Respirava fundo algumas vezes, se recuperando da quase morte enquanto pensava numa estratégia para sair dali.
    Voltou sua atenção ao redor ao perceber que estava chamando muita atenção, e várias mulheres o olhavam intrigadas e envergonhadas, além de cochicharem entre si, e alguns homens também olhavam de forma estranha e que fez sua espinha gelar. Suas condições não eram das melhores e também estavam sem sua roupa, arma, ou qualquer coisa que pudesse se defender, afinal, seus poderes ainda estavam fracos por anos sem se alimentar direito. Algumas memórias do guarda lhe vieram em mente como um flash e viu um local isolado com um tipo de latão sobre rodas. Ele estava parado e na sombra, não seria muito difícil se infiltrar ali. Saiu correndo pela recepção, assustando alguns que o olhavam, e atravessou o corredor em direção a escada. Não demorou para os guardas aparecerem e seguirem a onda de olhares do público, seguindo também para a escada.
    O vampiro chegou primeiro no estacionamento completamente protegido do sol, porém era um lugar um tanto fedido e úmido, cheio de encanamentos e caixotes. O pequeno caminhão estava vazio e o local também, e essa foi a deixa para que ele entrasse e se escondesse nas sombras. Ali seria sua fuga daquele lugar maldito. Os guardas chegavam no estacionamento, mirando suas armas para iluminar os locais mais escuros a procura do vampiro. Andavam em ordem, em uma formação que todos se protegiam. Assim que a luz de um deles iluminou dentro do container do caminhão, viram uma pequena faísca e correram para o local, porém as portas do container se fecharam e o caminhão começou a andar de forma rápida. Os guardas correram e até atiraram algumas vezes, fazendo pequenos furos na porta do mesmo, porém nenhuma atingiu o vampiro, embora estivesse com dor e uma parte do braço queimado. Ao menos estava a salvo...
    Na Sanada Tec., Nanao estava numa salinha privada, onde os guardas a deixaram ali para se recuperar; deitada numa maca. Ainda se sentia zonza, mas estava se recuperando até que rapidamente. Não demorou e outros guardas entraram com outro guarda nos ombros e o colocaram em outra maca, completamente desacordado.

    -Outra vítima daquela aberração... por que eu fui escuta-lo? –Murmurou enquanto lágrimas começaram a embaçar sua visão e a rolar por sua face, molhando-a e deixando um rastro por onde passava até sumir por entre seus cabelos.

    Logo a porta se abriu e um rapaz não muito mais velho que Nanao, por volta de seus 25 anos adentrou na sala. Ele tinha cabelos curtos penteados de forma rebelde e com gel, seus olhos eram de uma coloração nunca vista por Nanao, vermelho-alaranjados, e seu porte físico era bem saudável e ereto. Ele vestia uma roupa branca como se fosse um jaleco e olhava atento para os dois que estavam na sala.

    -Então vocês foram as vítimas... –Disse de uma forma estranha, parecia normal para ele falar aquele tipo de coisa, e seu sorriso... Era algo como cinismo.
    -M-me desculpe! Eu não queria!! –O desespero bateu e ela praticamente implorava por sua vida, ali deitada mesmo enquanto chorava mais compulsivamente.
    -Humf... –Ele suspirava enquanto se aproximava do homem e assim que o olhou, posicionou suas mãos nas laterais de sua cabeça e a girou, estalando-o e quebrando seu pescoço.
    -Ai meu Deus! Tenha clemencia de mim!! Não me mate por favor! –Gritava desesperada, principalmente depois do que presenciou.
    –Sinto muito querida... –Se aproximou dela, mas assim que a olhou arregalou os olhos e depois sorriu mais abertamente.

    O homem ruivo se afastou dela em silêncio e saiu da sala, fechando a porta atrás de si e indo embora. Ela ouvia seus passos se afastando e incrédula com o que havia acontecido ali, tentou se levantar para fugir, porém seu corpo não se movia ainda. Era como se estivesse dormente, mas não se sentia mais fraca. Olhou para o guarda que estava ao seu lado e viu sua feição. Seus olhos estavam arregalados estranhamente, sua boca completamente aberta e seus dentes estranhos. Em seus olhos ela via o vazio, estavam revirados e sem vida. A estranha sensação a fez se afastar e parar de olhar para ele; com certeza teria pesadelos com aquilo...

    O tempo passava, e ninguém mais entrou na sala para vê-los, porém agora ela conseguia se mover, e se sentou primeiramente. Respirava fundo, queria sair logo dali e rezava para que não achassem que ela o havia matado. Desceu da maca com cuidado, mas assim que pisou no chão, uma mão a segurou pelo pulso a impedindo de continuar. Deu um grito com o susto e olhou para trás instintivamente, vendo o guarda praticamente jogado para cima da sua maca e com sua cabeça pendida para o lado. Gritou mais tentando se soltar enquanto as lágrimas voltavam a descer pelos olhos e tentava se soltar puxando fortemente seu braço, porém só o machucando.
    A porta foi aberta abruptamente e um tiro foi disparado, acertando no meio da testa do guarda, fazendo-o soltar a garota e cair entre as duas macas. Nanao se quer esperou, saiu correndo passando pelo seu salvador. Queria sair dali o mais rápido possível. Só podia ser um pesadelo aquilo, e dos piores! Ninguém a impediu e se quer perguntou algo, ela somente corria desesperadamente para a saída do prédio; chorando.
    Quando finalmente saiu do prédio, já estava noite, mal sabia o horário, mas também pouco importava. Só queria voltar para casa, dormir, e esquecer aquele dia, ou quem sabe, acordar. Um táxi parou na frente da entrada do prédio, e sem se quer saber se tinha cliente ali dentro, abriu a porta e entrou, assustando o motorista.

    -Para onde senhorita? –Perguntou ao se recuperar do susto e a olhou pelo retrovisor.
    -Para este endereço, por favor... –Pegou um cartão de dentro da bolsa onde tinha seu endereço escrito.

    Não demorou para o táxi iniciar a partida, e quanto mais ele distanciava, mas a garota se sentia mais aliviada. Era como acordar de um pesadelo, sem necessariamente acordar. Seus olhos não saíam do prédio da Sanada Tec., que ela acompanhava pelos retrovisores até finalmente perde-lo de vista assim que o carro virou uma rua. Dali em diante o caminho foi tranquilo e silencioso, somente a rádio quebrava um pouco o clima, fazendo-a parar de pensar em tudo o que aconteceu naquele dia tão esquisito. Com aquela distração, nem notou quando chegaram na frente de seu prédio, e permaneceu olhando para o rádio como se estivesse hipnotizada, só voltando a realidade quando ouviu a voz do motorista a chamando.

    -Tudo bem senhorita? –Perguntou de forma preocupada olhando para a garota ao se virar no banco da frente.
    -Esta... –Respondeu o olhando, mas parou de falar ao ver as feições do guarda no rosto dele. Aqueles olhos sem vida, a cabeça pendida, a boca aberta. Deu um berro e saiu correndo de dentro do carro, em completo desespero, adentrando no prédio onde morava às pressas.

    Correu tanto que quando reparou estava na frente da porta de seu apartamento. A destrancou e entrou, fechando a porta às sete chaves e se sentou ali mesmo. Seu corpo tremia por inteiro, suava frio e olhava para todos os cantos da casa em completo terror de ver algo. Para seu pânico, a campainha tocou e lentamente ela se levantou e olhou pelo olho mágico para ver quem estava do outro lado da porta. Era o taxista.

    -Moça! Você não me pagou! –Dizia ele batendo na porta de forma insistente.

    Abriu a porta ainda receosa, mas assim que viu o rapaz se acalmou, foi até um móvel onde tinha um vazo de planta em cima e uma única gaveta, a abriu e retirou o dinheiro, voltando assim para o rapaz. Ao voltar a olhar para ele, viu aquele vampiro a olhando, com aquele sorriso macabro e soltou o dinheiro no chão, ficando paralisada, com seus olhos arregalados e suas mãos tremendo. O homem pegou o dinheiro, achando estranho o comportamento dela, e saiu dali sem falar nada e de forma rápida. Em seguida que ele saiu, Nanao trancou a porta novamente, porém desta vez foi para dentro da casa, estava com fome, mas não tinha vontade de preparar nada, só queria dormir.
    Foi para seu quarto, acendeu a luz, se despiu, colocou seu pijama e simplesmente se jogou na cama de qualquer jeito, sem se importar se no dia seguinte acordaria dolorida ou não. Só queria acabar logo com aquele dia. A luz permaneceu acesa, a porta aberta, a janela encostada, a cortina presa, e seu corpo largado.

    Não muito longe, um caminhão parava em um estacionamento de uma fábrica. Seu motor parou de roncar e tremer, ficando tudo mais silencioso. O vampiro ouvia todos os ruídos daquele lugar, desde madeira podre a até pequenos bichos andando. O motorista logo se afastou dali cansado do trabalho e quando o vampiro não o escutou mais, se transformou em névoa e saiu pelos buracos das balas na porta do container. Respirou fundo, como a tempos não fazia, inspirando aquele ar da noite, um pouco mais fedido do que se lembrava, mas ainda assim, saudoso. Observou ao redor, não sabia onde estava, porém lembrou-se de uma certa garota, a qual passou um pouco de mais tempo e sorriu, sumindo na escuridão.

    Já era mais de meia noite, e Nanao acordou levemente de seu sono, se remexendo na cama e reparando que a luz do quarto ainda estava acesa. Suspirou enquanto se levantava para apagar quando ouviu um barulho em seu quarto, mais precisamente atrás de si. Assim que se virou rapidamente, deu de cara com a janela aberta e o vento entrando em seu quarto. Foi até ali para fechar, trancou-a e abriu a cortina. Ainda estava surpresa com tudo o que aconteceu... também não era para menos. Saiu do quarto em direção a cozinha, no escuro mesmo, para pegar um copo de água. Abriu a geladeira, olhou ali dentro por um tempo até achar sua garrafinha de água com bico, e fechou-a, saindo da cozinha bebendo sua água de forma relaxada e assonada. Seus cabelos estavam bagunçados, metade preso e a outra caia rebeldemente pelos ombros em pequenos embaraços, deixando-o espetado. Sua roupa estava toda amarrotada e torta, deixando um ombro a mostra por conta do tecido caído. Andava arrastando o chinelo, com preguiça de levantar os pés, e finalmente chegou em seu quarto, apagando a luz. Sentou-se na cama, deixou a garrafa no criado-mudo ao lado do relógio. Desta vez deitou-se confortavelmente na cama, queria ter uma noite de sono agradável, e fechou os olhos.
    Um sopro no pescoço era de fato estranho, mas estava com preguiça de mais para abrir os olhos, porém, quando sentiu uma mão afastar uma madeixa de cabelo dali, deu um salto da cama, ficando em pé ao lado da mesma e olhando para o local que estava tentando ver algo no escuro. A única coisa que via era o escuro do quarto, do corredor, porém sentia algo ali, e sua espinha estava gelada de mais. O desespero começou a tomar conta e seu corpo começou a tremer novamente.

    -Não é.… real. –Disse num murmúrio ainda olhando para o mesmo lugar, até que viu dois brilhos vermelhos. –Não... Não... NÃO!! –Os olhos sumiram e a garota ficou mais tensa ainda, se encostando na parede do quarto e abraçando o próprio corpo. Não poderia estar louca, poderia?
    -Buu... –Uma voz disse em seu ouvido direito e até mesmo o hálito quente ela sentiu em seu rosto, e gritou, pulando para longe enquanto ouvia risadas.

    A garota correu para a porta e acendeu a luz para que enxergasse, e em contrapartida o vampiro começou a se contorcer por causa de seus olhos que estavam preparados para enxergar no escuro.

    -O que faz aqui?! –Gritou batendo os pés no chão sem acreditar que via ele..., mas agora reparando melhor ele estava nu e seu rosto ficou extremamente vermelho até que cobriu com suas mãos para não o ver.
    -O que foi? –Perguntou a ela observando curioso.
    –Você está nu! –Respondeu ainda com o rosto coberto.
    -É claro que estou nu! Seus amigos ficaram com minha roupa. –Falou de forma tranquila como se aquilo não importasse.
    -Saia da minha casa ou chamo a polícia. –
    -E o que eles farão? –Retrucou sorrindo para ela esperando uma resposta que não veio. Pelo contrário, ela começou a chorar e se abaixou até sentar no chão com as pernas dobradas.
    -O que quer agora...? –Perguntou com a voz trêmula e fanha.
    -Preciso de mais ajuda sua. –
    -O que?! Por que?! Eu já te ajudei! –Disse brava o olhando firme arrancando um sorriso satisfatório dele.
    -Que ano é? –
    -2030 D.C, por que? –Respondeu tentando entender aquela pergunta e o viu contar nos dedos e parar indignado.
    -Humf... Fiquei preso muito tempo mesmo. Escuta... preciso que seja minha guia. –Falou sério.
    -Guia?
    -Não sei de nada dessa época e não posso sair de dia.
    -E por que eu lhe ajudaria? –Se levantava, porém, permanecia no mesmo lugar.
    -Porque tenho muitos inimigos soltos e seus amigos querem me prender ou me matar. –Cruzou os braços e sentou-se na cama dela.
    -Problema seu. –Ao responder ela sentiu uma pressão em seu pescoço e seus pés pararam de tocar o chão. Ele se moveu tão rápido que ela o viu próximo de si quando sentiu a falta de ar. Seus olhos se encheram de água e sua boca se abria frenética em busca de ar.
    -Eu poderia ter te matado naquela sala, era problema seu estar ali. –Disse com os caninos a mostra completamente enraivecido. As mãos dela tentavam livrar seu pescoço das fortes mãos dele, mas não conseguia nada além de risos dele. –Não vou te matar porquê ainda tenho algum coração. –Dizia enquanto a soltava e ela se punha a tossir desesperada.
    -Não vai me matar porque precisa de mim! –
    -Posso arranjar outro humano para te substituir. –Suspirou massageando as têmporas. –Olha garota... não farei nada com você se for boazinha. Só quero um lugar para ficar de dia.
    -Tem casas abandonadas aqui perto. –Retrucou resistindo.
    -Preciso de alguém para me guiar. –Ela ficou pensativa.
    -Então precisaremos de regras.
    -O que? –Perguntou esperando pelo que vinha enquanto se deitava na confortável cama.
    -Primeira regra: Nada de me morder! Segunda regra: Você dorme na sala! Terceira regra: Não encoste em mim novamente. –Ditou observando suas feições e se irritando por não ver quaisquer alterações.
    -Está bem. –Concordou prontamente se levantando da cama dela e indo em direção a porta do quarto, passando bem colado a ela e olhando-a cara a cara. –Você ainda mudará de opinião. Não sou o vilão aqui.
    -Ah é? Eu mal sei seu nome e quer que eu saiba que não é o vilão? Você matou um homem!
    -Matei? –Perguntou olhando-a no fundo dos olhos a deixando desconcertada. Não, não fora ele quem matou o homem..., mas quem garante que ele não matou mais alguém durante sua fuga?
    -Tomoya Jin. –Respondeu enquanto se afastava e ia em direção a sala.
    -Sasaki Nanao. –Se apresentou mesmo não o vendo mais e entrou no quarto, fechando a porta.

    Jin olhava tudo ao redor, o mundo estava muito diferente do que se lembrava. Não viu se quer um ser sobrenatural durante seu passeio noturno, o ar estava mais fétido, o clima estava mais quente, e aquelas casas espichadas eram as piores. E aqueles latões sobre rodas? Até onde havia visto tinham criado a fotografia, que era em preto e branco, e armas de fogo. Observou alguns quadros em cima de um móvel da sala, nele tinha algumas fotos em quadros. A qualidade era perfeita, parecia retrato em pintura, colorida. A garota parecia feliz, e aqueles ao lado dela pareciam seus pais...
    Um estrondo veio do quarto da garota e um grito da mesma ecoou pela casa, e Jin correu até lá, abrindo a porta e dando de cara com um rombo na parede, e um homem segurando Nanao flutuava fora da casa. A poeira dificultava um pouco, mas pelo cheiro e essência era um vampiro.

    -Há quanto tempo Jin... –Falou ele com voz mansa, porém, maligna.
    -Você... –Pensou. –Quem é você mesmo? –Perguntou fazendo o outro quase cair.
    -Como assim quem sou eu? –Era visível que estava incrédulo, porém logo caiu na gargalhada enquanto se afastava mais da parede, voando para quase o meio da avenida. –Me encontre na fábrica abandonada. Seja rápido ou não verá sua amiguinha, não tenho muita paciência. –Despareceu assim que terminou de falar.
    -Fabrica abandonada? –Olhou ao redor pelo alto, mas não viu nada que lhe ajudasse, e pulou pelo buraco mesmo, caindo no chão sem muitos problemas, usando os joelhos para amaciar o impacto.

    Sentia a energia do vampiro, e isso o ajudava a encontrar o caminho, contudo, deveria ser rápido ou o rastro se perderia. Corria o máximo que conseguia, diante de sua condição, até que encontrou a fábrica; ou melhor, quatro fábricas ligadas umas às outras. Por estarem abandonadas, pedaços faltavam em sua estrutura, deixando as barras de metal a mostra, dando uma bela sena de filme de terror. A luz da lua passava por alguns buracos, deixando o interior delas mais iluminados, porém a sujeira do lugar era nojenta. Alguns animais deviam ter morrido ali, pois o cheiro de carne podre era forte e ossos estavam espalhados pelo chão.
    O problema era: Não havia mais rastros do vampiro, e teria que procurar nas quatro fábricas por Nanao. O que o preocupava era o tempo, já que o outro dissera que não tinha paciência. Ele poderia fazer qualquer coisa com ela, ainda mais desmaiada, sem poder gritar. Sem ter mais opções, e preferindo não ficar parado, escolheu a dedo a fábrica que iria primeiro. Pulou por um buraco, adentrando na mesma e procurou ao redor com os olhos vermelhos. Haviam máquinas grandes, enferrujadas e a muito tempo paradas, mas um cheiro peculiar o preocupava. Seus sentidos ainda não estavam completamente despertos, se sentia muito fraco ainda, porém ao ver uma sombra atrás de si, pulou para baixo, ficando no centro da fábrica e olhou para seu agressor. Um lobo de 4 metros de altura rosnava com seus pelos eriçados e suas garras brilhosas. Ele o olhava odiosamente, e salivava de forma que escorria até pingar no chão. Ele estava na forma crinus, em que o lobisomem cria muitos pelos; músculos, cabeça de lobo, mas pode ficar bípede ou quadrúpede.
    Como esperado ele uivou e pulou para o solo, fazendo Jin tampar os ouvidos enquanto se preparava para um confronto não muito agradável. Não adiantava falar com eles nesta forma, era inútil, além disso, não tinha armas ou se quer uma roupa para lhe proteger melhor. Mostrou os dentes para o lobo e afiou suas garras, esperando o primeiro ataque.
    Não demorou para que o ataque viesse e o lupino saltou numa investida feroz, levando o vampiro consigo e o arrastando pela fábrica, rosnando furiosamente. Aquilo seria uma luta de bestas, logo ela ficava mais bruta, com garras faiscando na parede de metal, chão sendo marcado e quebrado, máquinas voando e batendo contra a estrutura da fábrica velha. Rosnados era o único som além dos barulhos de destruição, mas o vampiro era mais ágil que o lobo e contra-atacava com a mesma ferocidade que era atacado, mirando em partes mais sensíveis como joelho, cotovelo, pés e olhos; numa tentativa de anular seu inimigo sem se ferir.
    Conforme a luta se desenrolava, o lugar virava uma armadilha em tamanho gigante, com pedaços de metal retorcido prontos para empalar alguém, e se aproveitando disso que Jin conseguiu dar uma investida contra o lobo e desequilibrá-lo. Ao ir para trás, uma barra de metal pontiaguda perfurou o tórax do lupino o fazendo grunhir alto e esguichar sangue, formando uma poça em volta. Ele tentava sair dali, mas o vampiro foi mais ágil e curvou a barra de metal, impedindo o inimigo de se livrar dela e condenando-o.
    Jin também não saiu completamente ileso, alguns arranhões marcavam sua pele branca, deixando-a um pouco marcada de sangue, porém, já recuperada. Aplausos foram ouvidos e rapidamente se virou de onde vinham, vendo aquele vampiro acima do teto furado.

    -Não achava que iria tão longe... –Disse rindo.
    -Cadê a garota?! –Perguntou nervoso com aquela situação complicada.
    -Está bem... –Desceu para o solo e se mostrou para Jin. –Só verá ela ao descobrir meu nome.
    -Não sei seu nome. –Respondeu Jin observando bem os traços do vampiro à sua frente. Ele lhe era familiar... rosto fino e comprido, olhos marcantes de cor azul, cabelos longos negros, ondulados, corpo forte e magro. Ele se vestia com roupas francesas clássicas, com babados e aqueles cintos grossos de pano. Sua calça era um pouco larga e sua meia a prendia até a metade do joelho. Além disso ele usava uma espada típica da França, uma Rapier. Era uma espada fina, porém extremamente cortante.
    -Pense enquanto lutamos... se não descobrir, a garota morre e você também. –Se preparava para lutar retirando a rapier da bainha.
    -Não acha que está muito confiante? –Perguntou atento aos movimentos do inimigo enquanto se curvava um pouco para se defender melhor.

    O vampiro avançou rapidamente, tão rápido que Jin mal teve tempo de se defender de uma estocada e já voava para trás, batendo em uma das máquinas com força, a amaçando e caindo no chão cuspindo sangue. O maldito era além de rápido, forte e ainda sabia voar, o que seria um problema... além disso, Jin não tinha quaisquer armas para se defender além dos braços. Logo que levantou, o vampiro novamente avançou, desta vez defendeu a espada, mas um chute o fez voar contra uma parede mais atrás e cair novamente.

    -Nada ainda? –Perguntou sorridente enquanto se aproximava balançando rapidamente a espada no ar, fazendo um ruído e retirando o sangue dela.

    Por alguma razão seus ferimentos não se curavam, mas ardiam como se estivessem em chamas. Isso o desconcentrou da luta para olhar e ouvir a risada daquele novamente.

    -Surpreso? Sua lâmina é feita com um veneno muito conhecido... que anula nossa regeneração. Incrível não? –Falava de maneira indiferente.

    Cambaleante ainda se levantou o olhou bem para o vampiro à sua frente. Ele era conhecido, sentia isso no fundo de sua alma, mas de alguma forma não lembrava e isso parecia deixar o outro com mais raiva. Voltou a avançar contra Jin, que recebeu todos os seus golpes sem conseguir se defender, sentindo sua carne se abrir, seu sangue jorrar e seu corpo cair em chão ajoelhado. Por alguma razão aqueles movimentos lhe eram familiares, e num flash, se lembrou.

    -Camael... –Disse para a surpresa do outro vampiro que parou seu ataque no mesmo instante.
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