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    Bastet - O Crepúsculo

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    Bastet - O Crepúsculo Empty Bastet - O Crepúsculo

    Mensagem  MushraTG Ter Jan 24, 2017 9:37 pm

    Capítulo 1 - Metamorfose

    #original


    Gabriel abriu seus olhos pela manhã, mas não fora o despertador que o despertara, mas sim o som de uma mensagem. Seu celular o avisava de um e-mail, uma resposta de um de seus primos no Brasil. - Isso!! Pedro conseguiu o que eu precisava pro projeto! - E quase num salto desajeitado ele caiu da cama e com certa dificuldade se levantou, caminhando até a escrivaninha que ficava não muito distante da cama. próxima à porta. O jovem de seus dezessete anos, havia pedido aos primos uma ajuda com um trabalho da escola. Ele tinha de armar uma espécie de árvore genealógica, porém ao invés de expressar nela os sua ancestralidade por meio de pais e avós, ele devia mostrar a sua descendência étnica. Gabriel vivia viajando com a mãe, esta que era advogada de uma multinacional. Ele e a mãe se mudaram para os Estados Unidos, e agora ele tinha o que precisava para seu primeiro trabalho escolar. Ele perdera a primeira semana de aula por causa do atraso na viagem, porém ele teve acesso ao que precisava graças a um vizinho que estudava no mesmo colégio. Como esperava, um de seus primos lhe trazia boas notícias, alguns documentos, e até fotos, falando sobre as heranças indígena e africana do lado de seu pai da família. Sua mãe por outro lado era descendente de portugueses e japoneses, fazendo assim com que houvesse um bom material a se trabalhar no projeto.

    Ele procurou os outros materiais, organizando-os numa pasta com o parte escrita e as fotos, até que estava tudo pronto e arrumado. Toda a sua procura descendência estava descrita ali, para que pudesse se apresentar. Afinal ele não estaria apenas apresentando um trabalho, mas estaria se apresentando para a turma. "Quem liga para popularidade?" Era algo que ele certamente pensava, mas sabia o valor de um bom entrosamento social. Este seria seu último ano antes da faculdade, e com certeza ele teria que se esforçar bastante para poder completar os requerimentos de aceitação. Ele tinha boas notas, faltava apenas as atividades extracurriculares, e é claro que ele teria de arranjar algo que lhe fosse atrativo, mas antes teria de chegar à escola e conhecer os clubes. Gabriel não gostava muito que lhe incomodassem, gostava do seu espaço pessoal e de respeitar os limites e ser respeitado. Com isso ele se preparava psicologicamente também, indo tomar banho e se arrumar. Iria com uma calça jeans, uma camisa regata vermelha com estampas de tigre, tênis  esportivos negros, e é claro, uma jaqueta de couro preta, fina, só para não passar frio, pois lá não era como em sua terra natal, tropical. Seu instinto lhe fazia ficar apreensivo, afinal os americanos eram famosos na internet por serem xenofóbicos, pensava ele. Mas a questão era, não o conheciam, e ele falava inglês fluente sem problemas, então não haveria o que temer certo? E assim ele foi melhorando suas expectativas, indo do quarto para o corredor, descendo as escadas da bela casa colonial e indo para a cozinha, onde uma arrumadeira contratada pela mãe, fazia-lhe o café da manhã. - Bom dia Juanita. - Diria ele num tom amigável e com um sorriso no rosto, se aproximando para beijar o rosto da mulher de meia idade com vestes simples que estava ao fogão.

    - Ai Gabriel, que coisa, desse jeito dispara meu coração menino. - Disse Juanita corada e arfando um pouco, parecia que ele a havia surpreendido. - Nossa, desculpe, eu não tinha a intenção de chegar de fininho. - Disse ele rindo um pouco sem jeito e se sentando à mesa. - Parece animado, hoje vai à escola? - Indagou ele trazendo panquecas com manteiga e mel à mesa. - Sim, acho que vou de carona com o Dylan, pelo menos ele disse que viria cedo. - Respondeu o jovem fazendo um gsto de oração com as mãos juntas antes de comer. - Ele deve chegar logo, são quase dez para as sete. - Afirmou ela sorrindo satisfeita, vendo como ele devorava a comida com satisfação estampada no rosto. Gabriel tinha por volta de um e setenta e cinco, pouco mais de sessenta quilos, cabelos e olhos castanho escuros, pele morena, cabelo meio ondulado, beirando o liso, e os olhos um pouco puxados. Ele não costumava sorrir para todos, na verdade, apenas quem o conhecia de fato ganhava a chance de vê-lo sorrindo, pois ele preferia se manter neutro quanto aos outros, ou quando não gostava de alguém apenas o olhava de forma que deixava isso bem evidente. Era um jovem sincero, em seus sentimentos e em suas ações, o que para alguns era um problema, para outros um traço bom.

    Algumas buzinadas seriam ouvidas do lado de fora, e nisso o jovem quase engasgaria. - Deve ser ele. - Disse Gabriel limpando a boca à pressas, pegando sua mochila que havia deixado na poltrona da sala de estar ampla e iluminada, e saindo pela porta da frente branca. - Qual é cara? Vamos chegar tarde! - Resmungou o jovem de pele clara, roupas um tanto foscas em cinza e marrom, que tinha a cabeça raspada e uma voz um tanto desanimada. Ele dirigia uma caminhonete, um tanto velha, mas em bom estado, que estava parada à frente da casa, esperando por Gabriel. - Você que está atrasado. - Retrucou ele entrando no lado do passageiro. - E você tem calda ou sei lá o quê escorrendo pela boca, mas eu não estou te julgando. - Emendou Dylan, o que fez Gabriel olhar torto para ele enquanto pegava um lenço cinza em seu bolso da jaqueta e limpava a boca olhando no retrovisor. - Mentira, tinha nada não. - Disse o outro rindo e Gabriel apenas suspirou, enquanto saiam dali rumo ao colégio. Não tardaria para eles chegarem, e rapidamente estacionassem a caminhonete vinho. - Vamos logo. - Disse Gabriel já saindo do carro, deixando Dylan para trás. - Meu carro não tem fechamento automático... E ele já foi... - Dizia o amigo que ficara para trás, fechando as duas portas antes de rumar para a escola.

    - Ufa... - Gabriel correu um pouco até chegar à sala de Estudos Sociais, e lá deparou-se com a professora, uma senhorita, de pouco mais de trinta anos, de pele negra e com cabelos cacheados ao estilo Black Power, que trajava roupas sociais de cor bege. - Presumo que seja o senhor Miyamoto. - Disse a professora com um sorriso, e nisso Gabriel apenas acenou que sim com a cabeça e foi procurar um lugar para se sentar. Nisso alguns o encaravam, garotas comentando sobre ele, alguns garotos olhando-o em reprovação, outros curiosos, e é claro que alguns risos ou comentários maldosos aconteceram, mas ele não tinha o porque de ligar para isso. Pouco depois Dylan chegou à sala, e a professora o parou com um leve gesto da mão. - Onde está sua mochila, senhor Maxwell? - Assim que ela fez essa pergunta, Dylan que estava ofegante por correr, simplesmente murchou em desânimo. - Ficou no carro... - Ele preparava-se para dar meia volta, quando a professora tocou em seu ombro. - Melhor se sentar... - Disse ela e alguns alunos riram.

    - Bem alunos, temos alguém novo na sala, e ele é de fora do país. Eu sei que alguns de vocês já estão comentando entre si, por causa das chamadas e é claro por causa da entrada súbita dele, mas não, ele não é do Japão, mas sim do Brasil. Temos a apresentação de um trabalho hoje, que tal se contasse um pouco sobre você e sua família e depois você pode entregar o projeto? Por que não vem aqui na frente se apresentar? - A professora fez o esperado, chamando-o, porém Gabriel que já havia se sentado em uma das carteiras ao meio da sala, se levantou prontamente. - Eu sei do projeto, me informei com um vizinho que estuda aqui, eu tenho algo pronto se não se importar. - Afirmou ele levando à mesa da professora a parte escrita e então pegando consigo as cinco fotos que tinha. - Meu nome é Gabriel Miyamoto, tenho dezessete anos, e sou brasileiro. Essas fotos são dos meus bisavós. Por parte de pai sou bisneto de africanos da tribo Massai de guerreiros, e de índios brasileiros Tupi Guarani. Já por parte de mãe, sou bisneto de japoneses e portugueses. As fotos em sepia são dos meus bisavós paternos e da família do meu pai, as fotos em preto e branco são dos meus bisavós maternos e a família da minha mãe, já a foto colorida sou eu, minha mãe e meu pai. - Ele não perdeu tempo e começou a andar pela sala, deixando em cada uma das cinco fileiras uma das fotos, para que as passassem a diante. Seria então que uma jovem chamaria a atenção dele, era uma bela jovem de olhos verdes e cabelos cacheados longos, ela sorriu amenamente para ele, um sorriso agradável e singelo, e nisso ele se perdeu por alguns breves décimos de segundos. - E-eu, também gosto muito de Química e de Biologia. Meu sonho é trabalhar com preservação ambiental e eu também pratico artes marciais, o que eu acho que é meio obrigatório quando pensam num asiático, mas nada de jiu jitsu, se não acaba juntando esteriótipos demais. - O comentário dele arrancara algumas risadas, porém com certeza alguns riam mais dele ficando boquiaberto com a jovem da fileira da frente, do que com a piada de fato.


    Os alunos continuaram rindo até que a professora limpou sua garganta e todos cessaram apreensivos. - Como a maioria aqui já notou o senhor Miyamura é meio comediante também, além de ser japonês, português, africano e indígena. Sua família deve ter uma bela diversidade cultural. - A professora tentou amenizar tudo, dando a chance de Gabriel explicar algo mais sobre a sua família. - A maioria da família em ambos os lados vive meio afastada, eu tive pouquíssimo contato com a minha avó materna e com alguns tios e tias paternos, fora isso as reuniões de família são quase sempre em casos raros. - Respondeu ele um tanto pensativo a princípio, mas tentando expressar-se um pouco contido. - Então presumo que a sua mãe tenha lhe ensinado um pouco sobre os costumes da família dela? - Continuou a professora, tentando ver se conseguia mais algo dele. - Bem, ela disse que meu avô morreu de câncer após a Segunda Guerra, ele era um dos poucos soldados que mantinham posição nos vilarejos ao redor de Hiroshima. Minha avó era bem conservadora e morreu faz pouco mais de um ano, ela me contava muito sobre folclore e histórias do passado. Era comum no Natal nós nos reunirmos na casa dela, eu, minha mãe e ela, para falarmos sobre essas coisas. Já do lado paterno, eu nem conheci meus avós, apenas meus tios, tias e muitos primos, muitos mesmo. Acho que daria para montar quase dois times de Futebol com eles. Meu pai morreu num acidente de barco, então tem sido só eu e minha mãe. - Gabriel não parecia abalado em falar de coisas ruins, na verdade algumas garotas pela sala olhavam com certo dó para ele, enquanto os garotos reviravam os olhos ou olhavam irados, como se ele estivesse sendo inconveniente. - Acho que é tudo por hora, senhor Miyamura, pode sentar-se ao lado da senhorita Oliver. - E nisso a professora apontou para uma carteira vaga à frente, logo ao lado da garota de olhos verdes. - Mas as minhas coisas estão mais para trás. - Murmurou ele um tanto baixo, quase inaudível. - Você fez um trabalho bem completo, e isso nem sequer era uma tarefa com um valor de nota alto, quero ver se é tão bom aluno no restante da aula. - E a professora sorriu desafiadoramente, não que ela fosse ameaçadora, apenas parecia querer testa-lo e com isso alguns alunos comentavam entre si. No entanto logo ele a acatou, Dylan voltou à sala de aula e foi se sentar atrás de Gabriel na segunda fileira da janela, à esquerda. A aula prosseguiu sem mais problemas, ao longo da manhã Gabriel se viu nas mesmas salas que a garota de olhos verdes, e agora um pouco mais descontraído sempre buscava sentar à frente, próximo a ela.

    Era hora do almoço, e o que mais cativara a atenção de Gabriel, era a garota, "Senhorita Oliver", ela sorria para ele, e em diversas ocasiões pediu a ele emprestada a sua borracha ou seu apontador durante as aulas. Após pegar sua bandeja no refeitório, ele caminhava até a mesa onde Dylan se sentava, porém não tardou para algo acontecer. Foi rápido, alguém deixara o pé à frente dele, bem no corredor e ele tropeçou. O resultado foi desastroso, ele soltou a bandeja ao tropeçar, porém havia pego  um sanduíche natural e uma garrafa de suco, estes que não foram danificados pela queda, apenas fazendo barulho. Sendo que ele nem havia caído de fato, apenas perdera o equilíbrio, mas manteve-se de pé. Foi aí que um jovem um tanto corpulento, loiro de olhos azuis se aproximou, pegou a bandeja e a empurrou contra o peito de Gabriel, assim que ele encontrava-se ereto. - Bons reflexos Miyagi. - Falou em tom de chacota, enquanto alguns garotos próximos riam, todos vestindo uma jaqueta vermelha e branca, que parecia ser de algum time esportivo escolar. - Valeu, até que eu gosto do apelido, mas não é nada original, eu já ouvi essa antes. - Respondeu ele encarando o outro, e nisso alguns dos garotos se levantaram. - Ai meu Deus, ele vai morrer no primeiro dia. - Comentou Dylan de longe, já passando a mão na cabeça e com feição de tensão. - Se acha engraçado, macaco? - Indagou o loiro, e os garotos começaram a rir e se sentaram. - Engraçado sim, primata não, apesar que quem gosta de pregar peças e chamar a atenção são os chimpanzés. Mas pode ser ofensivo chamar você disso, eles devem ter mais educação que você. - Gabriel retrucou tranquilamente, e alguns dos garotos pareceram não entender, outros no refeitório gargalhavam, e terceiros simplesmente ficaram estarrecidos com o comentário. - Vou te mostrar como educamos novatos aqui. - Na mesma hora que o rapaz ia pegar Gabriel pelo colarinho, ele empurrou a bandeja na garganta do mesmo, fazendo ele recuar tossindo, porém derrubando seu almoço novamente, e um dos garotos de jaqueta pisou no sanduíche, rompendo a embalagem de plástico.

    - Estão querendo ficar os dois de castigo? - Não demorou para um professor, um bem grande e musculoso por sinal, se aproximar deles, e nisso o murmurinho e as risadas acabaram. De qualquer forma Gabriel pegou a garrafa de suco, pouco antes de um dos jogadores chutá-la, e saiu de sorrindo, acenando um tchau para eles. - Você é doido, sabia? - Disse Dylan dando para Gabriel uma gelatina verde e uma colher de plástico, que seria talvez sua sobremesa. - Doido ou não, eu não gosto de deixar um babaca falar o que quiser sem uma resposta à altura. - Respondeu ele abrindo a gelatina. - Espero que tenha espaço pra algo além da gelatina. - Uma voz feminina se fez presente, e os dois garotos que estavam sentado ao fim do corredor se viraram surpresos. - Oi, não precisava. - Disse Gabriel, enquanto a garota, a tal Senhorita Oliver, dava para ele metade do seu sanduíche natural. - O-oi... - Disse Dylan um tanto nervoso, gaguejando e suando. - Oi Dylan, eu conheço você desde a quinta série e você sempre fica assim. - Comentou ela rindo e se sentando ao lado direito de Gabriel. - Eu não perguntei o seu nome. - Afirmou Gabriel, logo após juntar as mãos em sinal de oração e começar a desembrulhar o lanche. - Nathalie, Nathalie Oliver. Mas a senhora Silva já fez o favor de dizer meu sobrenome. - Disse ela arrumando o cabelo por cima da orelha esquerda. - Acontece, acho que você viu aquilo. - Comentou ele um tanto encabulado. - Só o suficiente pra imaginar que estavam pegando no seu pé. Aquele é o Noah Parker, é o capitão do time de Lacross e é meio babaca sim. Ele só não meche comigo porque é meu ex. - E nisso Nathalie sorriu para Gabriel, olhando-o nos olhos e depois pegando seu celular que parecia ter recebido uma mensagem. - Minha irmã precisa de mim, eu já vou. Bom almoço. - Ela rapidamente se levantou, levando consigo sua bandeja, sorrindo para Gabriel novamente. - Eu não acredito, no primeiro dia você arruma uma briga com o Parker e ainda chama a atenção da ex dele. Cara, eu diria que você é incrível, se eu não achasse que ele quer realmente te matar agora. - Dylan comentou, e nisso olhou numa dada direção para onde Gabriel também olhou e lá estava Noah, olhando fixamente para ele e falando "Eu vou te pegar", lentamente, por meio de linguagem labial. - Ele não vai fazer nada, relaxa. - Comentou Gabriel com desdém, começando a almoçar.

    Tudo correu normalmente, e agora Gabriel arriscava falar um pouco com Nathalie entre as aulas, e ao fim das aulas, ele foi se inscrever me um dos clubes, sendo este o Clube de Química, para então ficar na primeira atividade do clube. No entanto a professora responsável tinha um compromisso, e os membros foram dispensados. - Eles nem me disseram o nome da professora, só falaram que não teríamos atividade hoje. - Dizia ele andando ao lado de Dylan, quando no estacionamento foram abordados por Noah e outros quatro jogadores de do time de Lacross. - Acho que ele não vai, não fazer nada. - Comentou Dylan e dois dos jogadores já vieram na direção dele, afastando-o de Gabriel, que em alerta desviou do caminho deles. - Está gostando de falar com a minha namorada, Miyagi? - Indagou Noah já estralando os punhos. - Ex namorada, e pelo que me consta o que você chama de "dando um tempo", foi um belo pé na bunda, porque você é um babaca. -  Respondeu Gabriel despreocupado e na mesma hora Noah veio para cima dele com um soco, porém ele se defendeu com o braço esquerdo em guarda e deu um jab de direita, acertando em cheio o nariz do outro. - Filho da puta!! - Exclamou o jogador enciumado, com o nariz escorrendo sangue. - Nariz de vidro, e olha que você joga um esporte de contato. - Mal Gabriel fez seu comentário e os outros dois jogadores vieram pra cima dele, em meio à saraivada de socos desengonçados dos agressores ele não conseguiu contra-atacar, apenas se defendia, até que um dos que seguravam Dylan o acertou na nuca, desmaiando-o. - Ele não fez nada, vocês que começaram! - Exclamou Dylan se soltando o outro que o prendia sozinho, e indo para perto de Gabriel, quando foi empurrado no chão por Noah. - Ele vai ter a lição dele, ninguém meche com Lacross, e você vai ficar quietinho, se não será o próximo. - Ameaçou Noah, conforme os quatro outros jogadores pegavam Gabriel desacordado e o colocavam no porta-malas de um carro preto de modelo esportivo. - Esse macaco vai ter o que merece. - Comentou Noah limpando o sangue em seu nariz com a manga de sua jaqueta e entrando no carro com os outros.


    Assim que Gabriel recobrou a consciência já estava sendo tirado do porta-malas e jogado em algum lugar, ele não via direito, estava zonzo. Ele sentia grama em baixo das mãos, um pouco de frio, além de estar escuro e haver sons de grilos, certamente era de noite e estava em algum lugar arborizado. No entanto ele mal se fez de pé, e alguém o atacava. Eram chupes, pisões, além mesmo pauladas com bastões de Lacross. Ele não sabia quantos o agrediam, para ele eram muitos, mas só haviam cinco ali de fato. - Está gostando macaco sul-americano de merda?! Heim?! Gosta de bancar o esperto?! Gostou de quebrar o meu nariz?! - A voz era de Noah, com certeza, mas logo a dor tomou conta, não havia o que fazer, seus ossos se partiam, seu sangue se mostrava presente, em feridas abertas e brotando pela boca. No entanto havia algo diferente, além das dores dos golpes, havia outra dor presente. Esta começou em seu peito, com seu coração acelerado e logo uma ardência tomou conta de suas veias, como se o seu sangue começasse a ferver. Aos poucos seus ossos começaram a estalar, não porque eram golpeados, mas porque se partiam e se expandiam de dentro para fora. A seguir foram seus músculos, que também começaram a se romper e a se refazer, aumentando de tamanho e fazendo sua pele saltar e se mover estranhamente. Em poucos instantes ele começou a urrar de dor, eram seus dentes, e suas unhas que davam-lhe a sensação de serem ferro quente em contato com a gengiva e os dedos. Um dos jogadores chamou a atenção dos demais, de que algo estava errado e logo eles pararam, e Gabriel se retorcia no chão, rolando e parecendo convulsionar. - Parar?! Está com peninha dele? - Noah estava decidido a continuar o espancamento, até que Gabriel urrou, porém seu som era inumano, era como um animal demoníaco ou algo que só se vê em filmes de terror. Aos poucos ele começou a se levantar, rosnando, grunhindo e arfando, seu corpo ainda estalava e fazia sons estranhos, porém agora era como se estivesse se reparando da surra para poder ficar de pé.

    Os olhos dele cintilaram amarelados e de íris fina como a de um gato, tal qual sua boca exalava um odor forte e emitia vapor quente. Seu porte estava maior, e mais musculoso, não muito, mas o suficiente para se notar a mudança, além de que seus dentes eram agora presas e seus dedos tinham longas unhas, como garras. Seus olhos encaravam Noah diretamente, aqueles olhos amarelos felinos, que reluziam como ouro no escuro, gradativamente reduziram os espancadores a desesperados que corriam por suas vidas aos berros. Com suas orelhas esticadas e seu nariz encorpado, ele percebeu a posição de quem o interessava, e partiu num único e poderoso salto. Ele então correu, ainda parecia um humano, mas sua velocidade era absurda, tal qual ele se aproximou de Noah e o pegou pelo pescoço com tamanha facilidade com sua mão esquerda. - Desculpa, desculpa!! - Exclamava o capitão do time, aos prantos como uma menininha chorona, encarando uma face de olhar selvagem com cabelos avermelhados e mais longos, um tanto mais crespos. Rosnando mais e respirando quente à face de sua presa, o ser demostrava ter alguns pelos de cor bege crescendo em suas costeletas. No entanto, quando estava prestes a acertar com sua garra direita a barriga do jovem, um tiro ecoou no campo aberto onde estavam. Uma dor aguda seguida de uma sensação de dormência tomou conta das costas e logo do corpo todo da criatura, que caiu ao solo, gradativamente voltando ao seu estado humano. Dois indivíduos então se aproximaram, um homem e um jovem. O homem se aproximou de Noah e o conduziu até uma espécie de arquibancada, e lá deu a ele algo para beber, para se acalmar, e nisso o mesmo desmaiou. - Retiro o que disse antes, você não ia morrer, você ia matar. - O jovem era Dylan, e ele tentava erguer Gabriel, até que o homem que o acompanhava o ajudou, e juntos eles o levaram para a floresta.
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    Bastet - O Crepúsculo Empty Capítulo 2 - Revolta

    Mensagem  MushraTG Qua Fev 08, 2017 12:09 am


    Demorou para que Gabriel abrisse seus olhos, e aos poucos ele notou que estava em outro lugar, parecia estar em uma cama de solteiro, havia um cheiro familiar ali, mas nada que ele pudesse dizer qual era, nem o porque de ser familiar. Estava escuro, e estranhamente ele podia enxergar, era como se algumas coisas se destacassem no escuro, como superfícies metálicas ou plásticas que fossem refletivas. Seus olhos, porém, não eram a única coisa diferente, ele podia escutar vozes, um homem conversando com alguém e esse alguém tinha uma voz que ele conhecia. Seguindo seus ouvidos, ele foi caminhando até a porta do quarto, quando esta se abria. - Puta que pariu, que susto!! - Era Dylan quem abria a porta, assustando-se ao olhar pro interior do quarto e ver apenas dois olhos cintilando amarelos no escuro, e ao acender a luz fez Gabriel recuar. - Porra!! O que é que tem nessa luz!? - Gabriel sentiu a luminosidade cegá-lo e fazer arder os olhos, apesar de que em poucos instantes ele recuava até a cama e se sentava nela recobrando a visibilidade perdida. - Você está com fome? - Indagou Dylan colocando a mão no ombro direito do amigo. - Tem cheiro de... Hambúrguer de bacon com cheddar... E batatas fritas... - O próprio jovem se surpreendia, era como se a comida estivesse bem à sua frente, tal qual o cheiro era indiscutivelmente exato para ele. - Quase acertou, são batatas onduladas, mas o cheiro é igual. - Respondeu Dylan dando de ombros e revirando os olhos num suspiro. - Por que eu estou no seu quarto? Eu... Sonhei com algo... Era o cara do colégio... Ele estava me batendo com outros caras... Eu fiquei irritado, e... Depois só lembro de ter pego ele pelo pescoço e desmaiar... - Gabriel tentava organizar seus pensamentos, porém ele estava confuso, lembrava de ver algo estranho em suas mãos, como se suas unhas estivessem alongadas. Ele fazia longas pausas, suava frio e tremia um pouco, como que em um desespero formando-se e tomando conta gradativamente. - Noah está bem, os outros devem estar correndo ainda. - Disse Dylan se sentando na cama ao lado esquerdo de Gabriel. - Correndo?? Eu... Eu... Eu nem estou machucado... - Aos poucos ele lembrava mais do que acontecera, lembrava de saltar e correr até Noah, e das dores que sentira, só que tateava o próprio corpo em busca de ferimentos e não os encontrava, apenas suas roupas jaziam rasgadas e sujas de sangue e terra. Nesse momento seu coração acelerou fortemente, seu sangue pareceu aquecer como fizera antes, e aos poucos um desejo incontrolável de se rebelar contra o que quer que fosse à sua frente. - Você tem que manter a calma, ok? Você mudou... Você fez algo chamado Sokto... É meio difícil explicar, mas é algo que só nós conseguimos fazer. - Dylan começou a explicar aquilo, até que olhando pára a face do amigo, Gabriel viu por um instante a face de um puma e saltou da cama se batendo de corpo contra a parede e caindo no chão, seus olhos eram de pavor e ele arfava e transpirava mais, porém dessa vez o suor era tão quente quanto seu sangue. - Eu disse pra se acalmar, se pular assim vai acabar batendo no teto da próxima vez. - Dylan se aproximou, mas isso apenas fez Gabriel se erguer rapidamente com os olhos mudando para amarelo com íris fina.

    Assim que estava de pé, ele sentiu os olhos incomodarem com a luminosidade e foi entrando no banheiro que estava à suas costas quase. Lá sua surpresa foi aterradora, seus olhos estavam diferentes, ele jogava água no rosto, se esbofeteava de leve, se beliscava e até mesmo esfregava os olhos, tudo em vão. Até que num urro violento ele socou o espelho, estilhaçando-o e ferindo seu punho direito. - Eu estava tentando explicar, você é um Metamorfo, um Felino pra ser mais exato. - Dylan se aproximou do banheiro, e Gabriel antes que ele pudesse fazer algo o pegou pelo colarinho com as duas mãos e começou a levanta-lo. - O que você fez comigo, que merda é essa de Metamorfo?! - Gabriel podia sentir algo em seus dedos fazendo isso, e quando suas unhas viraram garras e perfuraram as vestes de Dylan, o mesmo escorregou por elas e caiu no chão. - Tá aí!! Olha no espelho e se acalma, eu posso explicar, mas você não pode sair por ai desse jeito! - Dylan pareceu aflito, no entanto, Gabriel voltou para o banheiro com raiva, chegando a rosnar brevemente. Seus cabelos estavam longos e crespos, com tonalidade avermelhada, sua pele estava mais escura, mais morena do que já era, suas feições mais fortes, costeletas de pelagem bege e seus olhos eram como olhos de gato. - O que é isso?! - Ele olhou seu reflexo no espelho estilhaçado, seus dentes caninos eram enormes, tanto os superiores como os inferiores, suas unhas eram como garras e seu corpo parecia mais volumoso e ele estava mais alto que antes. - Meu pai e eu somos Bastet, é como se fôssemos lobisomens, só que somos pumas, e você é um tipo de homem-leão. - Dylan foi o mais direto que podia ser, mas isso apenas fez Gabriel olha-lo com raiva e rosnar como uma fera. - E-eu... Eu sou humano!! - Dito isso ele atropelou o amigo, praticamente arremessando-o contra a parede do outro lado do quarto e foi em direção ao corredor, saltando as escadas a seguir. - O que está acontecendo?? - Pensava ele em voz alta, notando o salto que dera e que já estava no andar de baixo da residência simples. Seu coração antes acelerado praticamente pulava pela boca, o desejo de ser violento, uma necessidade estranha tomada conta dele. - Se acalme jovem, eu sou o pai do Dylan, sou o xerife Maxwell. Sei que você está estranhando tudo isso, mas precisa se acalmar, caso contrário não vai conseguir manter o controle e pode se ferir ou ferir alguém. - Era um homem com uniforme de policial de tom verde, com uma estrela de xerife e de cabelos castanhos em corte militar. Aos poucos mais e mais os batimentos dele se tornavam intensos, e agora ele podia ouvir o coração do xerife, Gabriel também percebia que estava numa cabana, não era a casa de Dylan, e ali à sua frente estava o pai do seu amigo, alguém que vira pouco mais de cinco vezes rondando a vizinhança de carro patrulha. - Eu só quero entender o que está acontecendo, eu sou humano! - Aos poucos ele começou a avançar contra o xerife, caminhando lentamente, com seus olhos encarando os dele. - Vamos conversar com calma, somos todos humanos aqui. - O xerife se manteve firme, e por um instante seus olhos também mudaram, eles eram olhos felinos também, e era como se algo estivesse acontecendo. Aquele olhar o acalmava, mas seu coração ainda estava a mil, até que seu olfato lhe chamou a atenção para algo na cozinha. Ele correu na direção da mesma, oposta a ponde o xerife estava, e quando chegou lá haviam três lanches à mesa, uma porção grande de batatas fritas onduladas, três Hambúrgueres extra grandes de bacon com cheddar, e duas águas e uma cerveja. - Pai, tenta segurar ele. - Ao ouvir isso vindo de Dylan, Gabriel simplesmente disparou pela porta dos fundos, correndo para a floresta.


    Logo que terminou de correr, ele sentia-se mais calmo, apesar de estar completamente rodeado pela vegetação, ouvindo todo tipo de som, desde grilhos, roedores, até mesmo predadores, era como se tudo em quilômetros pudesse ser escutado por elle, e nisso e jovem se atirou de joelhos, voltando à forma humana. Ele não sabia o que acontecia, aquelas transformações, os sons e cheiros, simplesmente caindo por terra e gritando em desespero com lágrimas escorrendo pelos olhos. - Meu nome é Cristopher, eu e Dylan queremos ajudar. Tenha calma, por favor. - Afirmou o xerife, que surpreendentemente, já estava ali próximo. - Me ajudar?? Eu sou um monstro, fica longe de mim!! - Exclamou ele a plenos pulmões, se arrastando pelo chão, afastando-se até dar de costas com uma árvore e desatando a chorar. - Faro e visão aguçados, audição potente, e é claro uma força e reflexos melhorados. Você não é um monstro, você tem um dom. - Dylan agora aparecia ao lado do pai, chegando quase na mesma gora em que Gabriel chorava. - O que meu filho nada sutil quer dizer, é que você está começando a sentir a diferença, em relação a como era antes da Metamorfose. - Acrescentou o xerife, e Gabriel olhava para os dois soluçando e aos prantos, tentando entender o que era tudo aquilo. - Posso mostrar pra ele? - Disse Dylan um tanto indeciso, o que fez seu pai suspirar. - Só o Sokto, nada de Crinos nem Felino, muito menos Chatro. - Respondeu ele rispidamente voltando a olhar para Gabriel, se ajoelhando no chão para ficar no campo de visão dele. - Lembra o que eu falei pra você antes, Sokto? É tipo uma pré transformação, ganhamos garras, presas, mais cabelo no seu caso, no meu ele só muda um pouco. - Assim que Dylan explicou aquilo, ele pareceu se transformar da mesma forma que Gabriel fizera, mas seus olhos eram de um amarelo menos brilhante, seu cabelo ficava levemente amarelado, um loiro mais castanho por assim dizer. - Você é o quê?! - Exclamou Gabriel colocando os braços à frente do rosto, numa tentativa de se proteger e não olhar diretamente para Dylan. - Você precisa ter calma, não vamos te ferir. Nós somos Bastet, é o nome dado à raça de homens-gato. Porém eu e Dylan somos da Tribo Pumonca, somos leões da montanha, ou pumas se preferir. - Conforme o xerife falava, Gabriel recordava de uma coisa ou outra, detalhes sobre a tribo Massai de seu bisavô, que descendia de cultuadores da Deusa Bastet, ao mesmo passo que Dylan voltava à forma humana.

    - Bastet é uma Deusa egípcia... - Comentou Gabriel, tentando ligar os pontos ali, quem sabe lembra-se de algo na sua família, afinal estudara sobre eles recentemente. Mas o medo turvava sua mente, deixava-a vagando em pensamentos confusos e pessimistas, como se ele estivesse prestes a morrer a qualquer momento - Simba, esse é o nome da sua Tribo, são leões africanos, muito grandes e fortes. - Dylan falava algo que parecia sério, mas Gabriel não conseguiu manter a seriedade quando ouviu tal nome. - Só podem estar me zoando, uma referência a um desenho animado?! - Ele se exaltara um pouco, tanto que ficou calado quando o xerife o olhou em desaprovação, e Dylan se aproximou, agachando-se perto do amigo, que agora se afastava novamente. - Simba significa Leão na África, é um dialeto comum, e você tinha isso aqui. - O xerife tirou de um bolso de seu uniforme uma folha de papel, uma cópia do projeto dele, onde havia um glifo tribal desenhado pelos seus bisavós Massai. - Isso não prova nada. - Retrucou de imediato, até que Dylan mostrou a ele um livro antigo aberto, onde tinha o mesmo símbolo e com a tradução: "Simba, Leão". - Meu pai então... Meus tios... Meus primos... São todos... - O desespero começava a tomar conta dele novamente, como se aquela situação fosse um pesadelo tornando-se real, onde a sua própria realidade parecia se desfazer. Coração acelerado, sangue fervendo, e o medo de transformar-se novamente. - Esse livro se chama Crepúsculo, ele fala sobre a nossa história. - Informou Dylan e instintivamente Gabriel correu, não havia o porquê de aceitar aquilo, só podia ser uma maldição de algum tipo, um engano, ou um pesadelo. - Não precisa aceitar tudo agora, faça isso com calma, queremos ajudar!! - O xerife gritava tentando trazer Gabriel de volta para perto deles, mas em surto o jovem correu, até que sentiu um cheiro familiar. Gabriel seguiu o cheiro, correndo a toda velocidade que tinha, como se correndo assim ele pudesse terminar aquele momento terrível, e acordar de tal sonho sombrio. Antes que pudesse se dar conta, ele se via na rua onde morava, e lá estava o cheiro que o guiava. Agora caminhando tentando se acalmar, ele viu sua casa ao longe, voltando a correr. Ele chegou à porta, apreensivo de entrar, mas ele queria esquecer aquilo, assim que abriu a porta notou, sua mãe estava dormindo no sofá, ainda com a roupa do trabalho, provavelmente havia adormecido esperando-o. Ele deu graças a Deus por isso, não podia explicar o que houve a ela, na verdade, ele até mesmo pensava se era uma boa ideia ficar em casa. No entanto o medo e o desespero da noite cobravam seu preço, ele jazia com sono e cansado, ansiando pelo leito onde dormir. Suas roupas estavam rasgadas, sujas de terra e sangue, ele precisava se desfazer delas. Preocupado com as perguntas que não teria como responder, ele as colocou na lata de lixo do banheiro de seu quarto, e foi para o chuveiro lavar-se. Os ferimentos que haveria de ter, do espancamento e do soco no espelho, nenhum estava ali, era como se tivesse se curado de tudo, e antes que percebesse já caia aos prantos sentado no chuveiro com a água quente caindo-lhe pela cabeça e banhando o corpo nu. - Não pode ser... É um pesadelo... Eu vou dormir e vai estar tudo bem... - Gabriel não conseguia se banhar, estava pensando demais, estava incapaz de raciocinar mais, e nisso saiu de lá para atirar-se à cama.

    Era pouco mais de uma hora, uma e onze da manhã para ser exato, quando ele despertou e pegou seu celular que havia esquecido no criado-mudo aquela manhã. Ele havia dormido pouco com certeza, e uma coisa o fez ir até o computador. Gabriel teve medo sim, mas havia curiosidade também. Assim que o computador ligou, haviam várias mensagens de Dylan no Skype dele, ele nem sequer as leu, apenas bloqueando o amigo. Parte dele culpava ele e o xerife por aquilo, mas a realidade era, teria sido ele capaz de matar Noah e os outros jogadores, se não tivesse desmaiado? E o que o fez desmaiar? Estariam os Maxwell envolvidos nisso também? Irritado ele empurrou a cadeira do computador e a mesma voou pelo quarto batendo na parede, abrindo um rombo nela. Gabriel arregalou os olhos e olhou sem reação para o estrago, com isso provavelmente sua mãe acordaria, isso se ela não tivesse prescrições de calmante do tipo que fariam um elefante dormir. Ele decidiu então, foi sorrateiramente ao andar de baixo, e de fato sua mãe estava dormindo pesadamente. - Eu só quero apagar... - Gabriel pegou os remédios dela na bolsa, e mastigou três comprimidos, indo até a cozinha e virando uma garrafa de dois litros de água duma vez. Rapidamente os calmantes e o desgaste emocional faziam efeito, e nisso ele caminhou cambaleante, subiu as escadas e se atirou à cama novamente. Gabriel dormiu o restante da noite se mexendo na cama, tendo sonhos que variavam dele correndo pela floresta, a até ele e Nathalie conversando e estudando juntos.

    Após aquela longa noite cheia de medo, dúvida e desespero, um pouco de descanso era merecido, e sonhando com Nathalie, parecia que seria possível esquecer tudo. - Gabriel? - Logo uma voz chamava a atenção e o despertava, era a voz de Juanita, esta que também dera algumas batidas de leve na porta do quarto. - Ainda é de manhã? E eu querendo dormir até tarde... - Pensou ele em voz alta, se espreguiçando, até que lembrou estar nu e levantou-se rapidamente para vestir-se. - Estou me levantando já, acho que o despertador não me acordou. - Disse ele alto, projetando a voz para ser ouvido, conforme vestia uma cueca negra da gaveta e então ia até o armário pegar uma calma jeans. - Eu achei que tinha perdido a hora, sua mãe pediu para voltar cedo que ela quer conversar sobre o rombo na parede. - Juanita disse algo que ele não esperava ouvir, não ainda ao menos, algo que o fazia lembrar brevemente da noite anterior. - Juanita... Você conhece alguém que pode arrumar isso? Eu meio que... Fiz isso sem querer... - O jovem terminava de fechar o zíper da calça e procurava uma camisa e uma jaqueta, tendo encontrado uma camisa branda simples e uma jaqueta jeans. - Eu sei como é, ser jovem e um pouco impulsivo, pode deixar eu ligo pra alguém assim que for para a escola, mas vá logo antes de se atrasar e leve o café da manhã para comer no caminho, Dylan está te esperando lá fora. - Novamente ele dizia algo que ele não queria ouvir, e mais não desejado ainda, ele podia ouvir claramente os passos dela se afastando da porta do quarto. - "Eu não tenho como evitar ele pra sempre..." - Pensou ele por um instante, terminando de vestir a camisa e a jaqueta, aproveitando para escovar os dentes rapidamente e se olhar no espelho do banheiro. Ele procurava por algo, qualquer coisa diferente, checava seus olhos, suas unhas e seus dentes, queria evitar qualquer coisa estranha, mas de certa forma pensava que talvez tudo aquilo tivesse sido um pesadelo. A seguir ele desceu as escadas, porém tinha um problema, sua mochila não estava com ele, com certeza a havia deixado na escola durante a briga.


    Uma vez que abriu a porta da casa pára sair, Gabriel estava de cara com Dylan, o mesmo estava com olheiras e portava sua mochila. O amigo fez um gesto de entregar a mochila, e Gabriel aceitou, sendo surpreendido por Juanita, que atrás dele estava com uma sacola de papel com uma banana, uma maçã e uma garrafa de suco de laranja de plástico. Ele hesitou por um breve instante, mas logo aceitou o que lhe entregavam e foi caminhando até a caminhonete de Dylan.  - Onde achou ela? - Indagou um tanto pra baixo, apenas sentando no assento carona enquanto Dylan sentava no assento do motorista. - Aqueles idiotas jogaram ela nas arquibancadas, fiquei a noite toda procurando. - Respondeu Dylan dando partida no carro, como se aquilo não fosse muito, mas bocejava e tinha uma baita cara de sono. - Desculpa... Eu... Não sei como... - Gabriel tentava se expressar, mas em toda a confusão que estava em sua mente, ele mal conseguia de fato fazê-lo, dando longas pausas e respirando fundo em sua fala. Dylan olhou pra ele por um breve momento sorrindo, chegando a rir um pouco, mas logo ficando sério e de olho na rua à frente, já que estava dirigindo. - Relaxa, não é o fim do mundo. - Respondeu o amigo. - Se você e o seu pai sabem sobre isso, eu acho que gostaria de saber o que está acontecendo, mas a minha mãe pediu pra eu voltar cedo pra casa. - Falou Gabriel olhando pela janela, observando a rua, até que viu Nathalie entrando num carro em uma das casas próximas, com alguém que parecia ser o pai dela. - Tudo bem... O mais engraçado é que ontem eu quis dar um recado... Nathalie queria o seu Skype. - Dylan notou que ele olhava para fora, e ao perceber quem ele olhava, deu um sorriso sacana falando o motivo das mensagens de antes. - Como que eu vou falar com ela?! Eu... - Gabriel gostou da notícia, mas logo ficou afoito e começou a hiper ventilar. Seu coração ficou a mil, e gradativamente seus olhos ficaram felinos. - Primeira regra dos Bastet, controle raiva e ansiedade, essas coisas afetam a gente e fazem com que percamos o controle da metamorfose. Segunda regra, só quem é como a gente precisa saber o que somos. Tem cinco regras ao todo. - Dylan falou com calma e pausadamente, e aos poucos mesmo sentindo-se pressionado Gabriel tentou acalmar-se.  - Quais são as outras três? - Indagou já com seus olhos voltando ao normal e seu coração acalmando um pouco. - A terceira é, sempre coma bem. - Dylan respondeu acenando com a cabeça para o saco de papel, onde Gabriel trazia seu café da manhã. Durante o percurso, Gabriel comeu a banana e a maçã, e logo que bebia o suco já estavam bem próximos do Colégio de Beacon Hills, onde estudavam. Ele olhou torto para Dylan, vendo que ele só se concentrava em dirigir, e não falava nada fazia um certo tempo. - Vamos ficar numa boa, eu fico por perto e a gente tira algumas das suas dúvidas, algumas coisas o meu pai disse que quer esclarecer com você. - Quando Dylan falou aquilo, de certa forma pela primeira vez em horas, Gabriel sentiu-se aliviado, e logo a caminhonete chegou ao estacionamento.

    Gabriel e Dylan chegaram juntos à sala de aula, e a professor de Cálculo já estava na sala, o mesmo homem de pela clara e musculoso que parara a briga do refeitório. - Bom dia, Miyamoto, Maxwell. - Disse ele olhando brevemente para o relógio acima do quadro negro, afinal eles estavam atrasados pouco mais de um minuto. - Bom dia. - Responderam os dois juntos, e rapidamente foram sentar-se, nos mesmo lugares de sempre, Gabriel à frente ao lado de onde deveria estar Nathalie, mas a carteira dela jazia vazia. Dylan sentou-se atrás de Gabriel, e rapidamente também percebeu a ausência de Nathalie, mas notou outra coisa, Noah e um dos jogadores da noite anterior que frequentavam aquela aula, também não estavam. Dylan achou estranho e tratou de escrever isso num bilhete, e passa-lo à frente, para Gabriel. - O que você quer dizer com isso? - Indagou Gabriel falando baixo, olhando de relance para trás. - Meu pai ia dar um jeito do Noah e dos caras esquecerem o que aconteceu ontem, nada demais, só um chá de ervas com um efeito legal. - Explicou Dylan e nisso Gabriel arregalou os olhos. - Eu vou querer saber o porque do seu pai fazer isso? - Indagou ele na sequência, respirando fundo, tentando manter a tranquilidade. - Nada demais, só pra não falarem nada desnecessário sobre você. - Respondeu Dylan dando de ombros. - E agora eu nunca mais aceito nada pra beber na sua casa... - Comentou Gabriel e Dylan ficou boquiaberto por um breve instante. - Isso magoa, sabia? - Falou o amigo. - Os dois amigos querem compartilhar algo com a turma? - Indagou o professor com sua voz grave e firme, fazendo os dois garotos balançarem a cabeça em negação.

    A primeira aula pareceu durar uma eternidade, e assim que chegaram ao local da aula seguinte, o laboratória de química, alguém esbarrou em Gabriel na entrada. - Olha por onde anda... - Era Noah, ele estava com um curativo no nariz, e assim que percebeu ter esbarrado em Gabriel, ele estreitou os olhos e se afastou às pressas. - Acho que ele mereceu, não é? - Na sequência, Gabriel ouviria a voz de Nathalie, e ela estava logo atrás dele. O coração dele acelerou, mas o mais estranho era, ele podia ouvir o coração e a respiração dela, além de sentir o cheiro da sua pele. - Acho que sim, não que eu tenha algo a ver com isso. - Comentou Gabriel um pouco sem graça, limpando a garganta e andando para dentro da sala. - Está tudo bem? Dylan te falou sobre, você sabe... - Nathalie seguiu ele e acabou por sentar na primeira bancada do laboratório, ao lado dele. - Sobre?? Ah... Desculpa... Ontem eu acabei esquecendo de ligar o computador... - Respondeu ele um tanto encabulado, pois ele sabia que ela queria seu contato no Skype. - Eu acho que sei lá, você podia me dar o seu Skype agora, pra gente poder estudar depois e conversar. - Continuou ela, arrumando o cabeço acima da orelha esquerda, e nisso Gabriel teve seus olhos mudando de cor por um breve momento. - Seus olhos não eram castanhos? - Indagou ela e nisso Gabriel se virou rapidamente e foi mexer em sua mochila, pegando seu caderno e seu estojo. - São... Por que a pergunta? Eu vou anotar num papel o meu Skype. - Respondeu ele tentando disfarçar enquanto buscava respirar e se acalmar, para que seus olhos voltassem ao normal. - Eles são muito bonitos. - Disse Nathalie com um sorriso que fez Gabriel ficar abobalhado por alguns instantes segurando o papel cm seu contato do Skype anotado. Ela riu brevemente pegando o papel, e Gabriel que até então parecia ter parado de respirar, voltou a se ajeitar para a aula de Química.

    O primeiro período ocorreu normalmente, porém diferente do dia anterior, Gabriel parecia mais focado nas aulas, enquanto falava um pouco menos com Nathalie. - Eu vou ver a minha irmã, logo mais eu venho pra almoçar, tá bom? - Disse ela acenando para ele, e se afastando da entrada do refeitório. - Eu vou querer o bolo de carne. - Disse ele para a moça que servia a comida e a mesma indagou se ele tinha certeza. - Sim, pode por até mais. - Respondeu ele, e nisso a funcionária praticamente colocou três pedaços enormes de bolo de carne em sua bandeja. - Cara, você vai comer isso? - Dylan chegou logo depois dele, e o que havia em sua bandeja era uma pizza e dois sanduíches. - Vou, não vejo nada de ruim, é tipo um croquete, ou quibe de forno. - Respondeu ele se dirigindo ao caixa para pegar um suco e pagar a comida. Dylan pareceu não entender sobre o que ele falara, ou quem sabe ainda achasse estranho ele comer aquilo, mas não tardou a ir junto com ele. Os dois andara para a mesa do fundo sem problemas, e logo que se sentaram Dylan começou a falar sobre algo. - Advinha só, um dos caras de ontem sumiu, não apareceu em casa, e nem na escola, eu mandei um SMS pro meu pai e ele disse que não conseguiu achar os caras, o único que ele deu jeito foi o Noah. - Quando Dylan sussurrou sua descoberta, Gabriel estava comendo o bolo de carne com talheres de plástico, quando engasgou-se com a comida, pegando seu suco e o bebendo desesperado.

    - E quando você ia dizer isso pra mim, quando a polícia viesse me buscar?! - Assim que se recuperou do susto Gabriel estava irritado, e alguns alunos no refeitório olhavam pra eles, a maioria sem a menor ideia do porque daquilo. - Sabe aquele negócio de não falar disso com os outros, meio difícil com você gritando. - Falou Dylan baixo, se inclinando para a frente e acenando com a cabeça para os que olhavam pra eles. - Mas não podia ter me contado antes? - Indagou Gabriel novamente, falando mais baixo, mas cruzando os braços e de cenho franzido. - Eu ia, mas você estava grudado na Nathalie, então deixei os pombinhos. - Retrucou Dylan abrindo seu sanduíche e dando de ombros. - Não fizemos nada, só dei o meu Skype pra ela. - Resmungou Gabriel voltando a comer, ainda olhando irritado para o amigo. - Eu sei, mas a questão é, eu não podia falar isso com ela, e foi bom ver de longe que você se acalmou, até conseguiu controlar a mudança dos olhos. - Falou o outro com orgulho dele, dando uma mordida farta no lanche e mastigando. - Mas e ai, o que seu pai disse? - Persistiu Gabriel, afinal ainda estava preocupado com a noite anterior. - Os cinco não podem prestar queixa, primeiro porque o Noah esqueceu de tudo, segundo que eles estavam meio que linchando você, então eles não podem prestar depoimento completo. E terceiro, e o meu favorito, ninguém vai acreditar que você tinha olhos que brilhavam no escuro. - Dylan de fato parecia falar coisas que faziam sentido, mas mesmo assim Gabriel estava tenso, isso até que Nathalie se aproximou deles e rapidamente o rumo da conversa mudou.

    Nathalie percebeu o silêncio e logo tratou de falar, logo que sentada à direita de Gabriel. - Tudo bem gente? Parecem tensos... - Comentou ela e rapidamente Dylan se pôs numa posição de peito aberto e ereta, ainda sentado. - Nada demais, só pensando em qual plano maligno o Parker vai tentar dar o troco no nosso amigo com um super soco de direita. - Falou ele o que fez Gabriel congelar e olhar para ele incrédulo. - Você não parece do tipo que arruma briga, então o que ouvi ontem sobre ele no estacionamento com quatro caras do time de Lacross, é sobre isso? - Indagou ela um tanto preocupada, chegando a por a mão mais próxima da de Gabriel, mas sem toca-lo. - Não foi nada, eles só vieram me intimidar, mas eu dei uma no seu Ex, e ai os outros quatro correram feito menininhas. - Respondeu Gabriel um tanto sem graça, ele tentava mentir, e evitou olhar nos olhos dela enquanto dizia aquilo, continuando a comer. - Sério? - Ela pareceu não acreditar e ficou um tempo assimilando o que ele dissera. - Totalmente verdade, eu estava lá, acho que eles não esperavam que ele fosse apagar o Parker com um soco. - Contribuiu Dylan, que acenou com a cabeça para Gabriel. - É, foi bem isso mesmo. - Gabriel não tinha certeza, mas parecia que Dylan tentava criar uma história para explicar a noite anterior, manipulando alguns fatos já que os outros envolvidos não diriam nada aparentemente, assim esperava ele. - Eu e você, lá fora agora, Miyagi. - Seria nessa hora então que do nada, Noah apareceria ali próximo à mesa, estralando os punhos e encarando Gabriel.

      Data/hora atual: Sex Abr 26, 2024 9:24 am